A autobiografia é um registro das memórias do próprio escritor.
Veja alguns autorretratos:
Este blog apresenta alguns textos que fazem parte de nosso dia a dia como educadores e que enche nossa vida de poesia. Porque falar e ouvir, ler e escrever, em linguagem verbal ou não-verbal, tudo isso faz parte do cotidiano de qualquer pessoa que tenha a intenção de se comunicar nos diferentes contextos e circunstâncias.
Carlos Drummond de Andrade: nasceu em 31 de outubro de 1902 em Itabira, MG. Descendente de mineradores, passou a infância numa fazenda em Itabira. Fez seus estudos em Belo Horizonte, cursou Farmácia e foi professor de Geografia. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como jornalista profissional e funcionário público. Lançou sua primeira edição de poesias em 1930: Alguma Poesia. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1987. Suas obras foram publicadas em Portugal, Espanha, Alemanha, Suécia, Estados Unidos.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acabava mais.
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
-Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
CÂNDIDO PORTINARI
Cândido Portinari:nasceu em 30 de dezembro de 1903, em Brodósqui, SP, filho de imigrantes italianos. Aos 15 anos foi para o Rio de Janeiro e matriculou-se na Escola Nacional de Belas -Artes.
Em 1928 teve uma obra premiada com uma viagem ao exterior e partiu para Paris. Saudoso de sua pàtria, decidiu voltar em 1931 e retratar em suas telas o povo brasileiro. Foi um dos principais representantes das novas tendências artísticas do país. Seus trabalhos estão espalhados pelo mundo todo. O pinel Guerra e Paz, na sede da ONU, em Nova York, é um exemplo.
Em 1954, iniciaram-se os primeiros sintomas de intoxicação das tintas que lhe causaria a
morte em 6 de fevereiro de 1962.
UM PINTOR QUE ESCREVE
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Não tínhamos nenhum brinquedo
Comprado. Fabricamos
Nossos papagaios, piões,
Diabolô.
À noite de mãos livres e
pés ligeiros era pique,
barra-manteiga, cruzado.
Certas noites de céu estrelado
E a lua, ficávamos deitados na
Grama da igreja de olhos presos
Por fios luminosos vindos do céu
Era jogo de encantamento.
No silêncio podíamos
preceber o menor ruído
Hora do deslocamento dos
Pequenos lumes... Onde andam
Aqueles meninos, e aquele
Céu luminoso e de festa?
Os medos desapareciam
Sem nada dizer nos recolhíamos
Tranquilos...
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Poucos são aqueles a quem falo
E muitos me procuram por nada
Se tivesse continuado a soltar papagaio
Seria livre como as andorinhas
Não entenderia os homens
Teria pena deles e de mim
Saberia a vida do vento
E a época dos vaga-lumes
Com as suas lanterninhas.
Saberia as idades
Das nuvens e os dias de arco-íris.
PORTINARI. Poemas.Projeto Portinari, 1999, p. 29-69.
TARSILA DO AMARAL
Tarcila do Amaral: nasceu em 1º de setembro de 1886, na Fazenda São Bernado, no município de Capivari, interior de São Paulo, e passou a infância e a adolescência em fazendas. Pintou seu primeiro quadro, Sagrado Coração de Jesus, aos 16 anos.
Em 1920, foi estudar pintura na Europa e, na volta ao Brasil, juntou-se ao Grupo Modernista, que havia realizado a Semana de Arte Moderna de 1922: entre outros, os pintores Anita Malfatti e Di Cavalcanti e os escritores Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti del Picchia. Seu quadro Abapuru, pintado em 1928, é um dos marcos do Modernismo brasileiro. Tarsila morreu em São Paulo, em janeiro de 1973.