mais vestido e calçado.
Primeiro, a pano e feltro
se isola do ar abraço.
Depois, a pedra e cal,
de paredes trajado,
se defende do abismo
horizontal do espaço.
para evitar a terra,
calça nos pés sapatos,
nos sapatos, tapetes,
e nos tapetes, soalhos.
Calça as ruas: e como
não pode todo o mato
para andar nele estende
passadeiras de asfalto.
(João Cabral de Melo Neto. "Ar abraço". In: Antologia poética. Rio de Janeiro: Sabiá, 1964.)
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