sexta-feira, 25 de maio de 2012

UM GÊNIO DA ARTE


Na tela CAFÉ, de 1934, Portinari demonstra a preocupação com questões de cunho sociais no país.

       
(Tela  CAFÉ de 1934, Candido Portinari)


"Os acontecimentos que marcam a história da vida de alguém podem ser contados de diversas formas. O CORDEL a seguir utiliza os versos para divulgar um pouco a vida e a obra do gênio brasileiro, o pintor Candido  Portinari, que representou muito bem em suas telas e murais o povo, cenas do dia a dia, paisagens, a realidade, enfim o nosso Brasil"


CANDIDO PORTINARI 

No interior de São Paulo
Brodósqui foi a cidade
No dia trinta de dezembro
Com muita felicidade
Mil novecentos e três
De nascer chegou a vez
Duma grande sumidade.

Filhos de italianos
Gente humilde imigrante
Portinari veio ao mundo
Pra mudar o semblante
Nasceu pobre na fazenda
Para depois virar lenda
Artista tão importante.

Na plantação de café
Onde seu pai trabalhava
Estudou só o primário,
Mas outro poder saltava
a sua vocação de artista
Pra todos dava na vista,
Pois já se manifestava.

Aos quinze anos de idade
Foi pro Rio de Janeiro
Buscar o conhecimento
Do puro e verdadeiro
Entra fazendo apartes
Na escola de belas-artes
Pra logo ser o primeiro.

Foi no ano de vinte e oito
O primeiro prêmio ganhou
Na exposição geral
Que belas artes criou
Pro estrangeiro viajar
e em Paris foi morar
E um ano por lá ficou.

Com saudades do Brasil
Em trinta e um retornou
Suas telas retratam o povo
Do Brasil com seu valor,
Esquece o academismo
Pelo experimentalismo
No modernismo adentrou.

No instituto Carnegi
Lá nos Estados Unidos
No ano de trinta e cinco
Foi um dos escolhidos
Recebeu menção honrosa
Pela tela primorosa
"Café, grãos sendo colhidos.
[...]

Gostava de fazer murais
Tinha essa inclinação 
No ano de trinta e seis
Fez dois com dedicação
Pra via Dutra inaugurada
E ao ministério dedicada
Da saúde e educação.

Dessa data em diante
Sua concepção mudou
Para uma nova temática
Portinari se voltou
Na pintura informal
Foi pro cunho social
O seu fio condutor.

Companheiro de poeta,
Escritores e artista
Muita gente de cultura
Diplomata e jornalista
No final dos anos trinta
Já na projeção sucinta
Na América tá na crista.

No ano de trinta e nove
Executa três painéis
Para a feira mundial
Ganhando uma nota dez
A América viu seu toque
E o museu de Nova York
Ficou rendido aos seus pés.

Teve sucesso de venda 
E um público majestoso
Em dezembro desse ano
Teve um ganho pomposo
Um livro sobre o pintor
Sua arte e seu louvor
Foi tudo maravilhoso.

Reproduzidas no livro
A sua obra rica e bela
Cada uma mais perfeita
Empáfia verde amarela
Foi orgulhoso pro Brasil
Quando esse livro saiu
Sobre o pintor e sua tela.
[...]

Daniel Fiúza Pequeno. 
Um gênio da Arte: Candido Portinari - 
1ª e 2ª partes.



PORTINARI POR ELE MESMO


"Impressionavam-me os pés dos trabalhadores das fazendas de café. Pés disformes. pés que podem contar uma história. Confundiam-se com as pedras e os espinhos.
Pés semelhantes aos mapas: com montes e vales, vincos como rios. Quantas vezes, nas festas e bailes, no terreiro, que era oitenta centímetros mais alto do que o chão, os pés ficavam expostos e era divertimento de muitos apagar a brasa do cigarro nas brechas dos calcanhares sem que a pessoa sentisse. Pés sofridos com muitos e muitos quilômetros de marcha. Pés que só os santos têm. Sobre a terra, difícil era distingui-los. Os pés e a terra tinham a mesma moldagem variada. Raros tinham dez dedos, pelo menos dez unhas. Pés que inspiravam  piedade e respeito. Agarrados ao solo, eram como os alicerces, muitas vezes suportavam apenas um corpo franzino e doente. Pés cheios  de nós que expressavam alguma coisa de força, terríveis e pacientes.


O Brasil de Portinari - Exposição de réplicas.

Um comentário:

  1. Portinari! Um grande nome da arte brasileira. Que além da beleza de suas obras se preocupou também em expressar as questões sociais de nosso Brasil pertencentes em sua época.

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