terça-feira, 15 de maio de 2012

O TELEFONE



Amor?
Através de mim os corpos se amam,
alguns se falam em silêncio,
outros chamam e não aguentam
o peso e o amargor da voz.
Inventaram-me para negócios,
casos de doenças e talvez de guerra.
Mas fui derivando para o amor.
Como sofro! Todas as dores 
escorrem pelo bocal,
deixam apenas saliva...
Cuspo de amor fingindo lágrimas. 

(Carlos Drummond de Andrade. Novos poemas. 
In: Obra completa. Rio de Janeiro: Aguillar,1964.)


Nenhum comentário:

Postar um comentário